O que era para ser apenas um momento de lazer e descontração transformou completamente a vida família da advogada Daiane Vasconcelos, de 32 anos. No fim da tarde de 8 de dezembro de 2024, ela caiu sozinha enquanto pedalava no Parque dos Poderes, em Campo Grande. Ela gravava um vídeo para suas redes sociais quando perdeu o controle e bateu com o rosto no chão. Desde então, Daiane está em estado vegetativo.
Cinco meses se passaram, e a rotina da mãe de Daiane, Vilma Rocha de Abreu, 57 anos, virou de cabeça para baixo. Trabalhadora rural, ela deixou a cidade de Rio Brilhante para morar em Campo Grande, no Bairro Tiradentes, e dedicar-se exclusivamente aos cuidados da filha. "Foram cinco meses de mudança total. A gente vive na esperança de que ela vai acordar. É o nosso maior desejo: vencer essa etapa da vida", afirma com a voz embargada.
Antes do acidente, Daiane morava no Bairro Vilas Boas com o filho de 15 anos. Mãe solo, era ela quem sustentava o lar. Após o ocorrido, o adolescente passou a viver com o pai, mas visita a mãe com frequência. "Ela era uma mulher determinada, estudiosa, sempre lutou para dar uma vida melhor ao filho e para ajudar a família", lembra Vilma.
Agora, a mãe vive exclusivamente para cuidar da filha. São dias e noites inteiros ao lado do leito, oferecendo o carinho e a atenção que Daiane precisa, mesmo sem resposta consciente. "Ela não tem ideia do que está acontecendo. Vive sem saber do mundo ao redor, e isso dói muito", relata.
Apesar dos esforços, os desafios financeiros são grandes. A família gasta em média R$ 4.500 por mês com fisioterapia — realizada apenas uma vez ao dia, embora o ideal fossem três sessões diárias. Além disso, arca com despesas fixas como aluguel (R$ 1.100), água e luz (cerca de R$ 500), além dos materiais essenciais, como fraldas e alimentação por sonda. A sonda, inclusive, é obtida por meio de doações.
Uma equipe do SUS (Sistema Único de Saúde) oferece acompanhamento semanal, com visitas de médico, enfermeiro e fisioterapeuta. No entanto, o suporte ainda está longe de atender à complexidade do quadro clínico. Por isso, a família entrou na Justiça para garantir um tratamento mais completo e contínuo. Também foi criada uma vaquinha virtual, que busca arrecadar recursos para custear os cuidados.
No último domingo, Daiane completou mais um ano de vida. Amigos fizeram questão de visitá-la, levando carinho e presença. "Foi um dia muito triste para todos nós. Ela é muito querida, e todos torcem por sua recuperação", conta a mãe.
Em meio à dor, a fé e a esperança seguem como os pilares da família. "Meu sonho hoje é que ela acorde, que possa voltar a cuidar do filho dela. Que volte a sorrir, viver... Ela sempre foi uma pessoa generosa, determinada, com um coração enorme. Não merecia isso. Mas eu acredito que Deus pode nos dar esse milagre", diz Vilma.